12/06/09

ALIMENTOS DE SOJA X SINTOMAS A MENOPAUSA

Pesquisa-se muito hoje o uso da soja no combate a vários problemas de saúde. Uma boa notícia vem de dois estudos brasileiros, um feito em 2002, por pesquisadores da USP, e outro de 2008, da Unicamp. Ao avaliarem comparativamente a ação de um alimento feito de soja com a reposição hormonal, concluíram que eles têm igual eficácia na diminuição dos sintomas da menopausa.
por Jocelem Mastrodi Salgado*

Muitos países pesquisam hoje o uso de alimentos feitos de soja no combate aos sintomas da menopausa - como fogachos, dores de cabeça, ressecamento da pele e da vagina, irritabilidade, perda de concentração e do desejo sexual, melancolia e desânimo -, que infernizam a vida de muitas mulheres.
O objetivo, como se sabe, é encontrar alternativas para a reposição hormonal, único tratamento disponível para aliviar aqueles sintomas, mas que não pode ser usado pelas mulheres que apresentam histórico familiar de câncer de mama, de endométrio ou de útero ou que sofram de hipertensão arterial e de doenças vasculares. Além disso, constataram pesquisas mundiais, apenas 35% das mulheres pós-menopausa fazem uso da reposição e metade das que a iniciam interrompem o tratamento no período de um ano. Algumas das causas são: medo do câncer, sangramentos, doenças vasculares e ganho de peso.
Boa notícia nessa área vem do próprio Brasil, o segundo maior produtor mundial do grão. Duas pesquisas realizadas com um alimento feito de soja, uma em 2002 pela Universidade de São Paulo (USP) e a outra em 2008 pela Universidade de Campinas (Unicamp), também em São Paulo, chegaram à mesma conclusão: ele é tão eficaz quanto a reposição hormonal na diminuição dos sintomas da menopausa.

O primeiro estudo, que envolveu pesquisadores de vários departamentos da Universidade de São Paulo, avaliou comparativamente a ação do alimento feito de isolado protéico de soja naturalmente rico em isoflavona em relação à terapia de reposição hormonal. O estudo envolveu 78 mulheres com dignóstico de menopausa - mais de um ano sem menstruar - e sintomáticas divididas em dois grupos: o primeiro recebeu, por quatro meses, 60 g do alimento de soja divididos em duas doses de 30 g por dia; já o segundo grupo recebeu, no mesmo período, reposição hormonal em pílulas de uso oral.
A conclusão foi de que o alimento é tão eficaz quanto a reposição hormonal no tratamento dos sintomas da menopausa, em especial as ondas de calor. Mulheres que tomaram o hormônio sintético apresentaram alguns efeitos colaterais, como tensão dolorosa nos seios e tromboflebite, enquanto as que receberam o alimento não tiveram nenhum.
O segundo estudo, que envolveu médicos do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, comparou os efeitos da ingestão diária do mesmo alimento, da reposição hormonal em baixa dosagem e de um placebo (produto sem atividade terapêutica) sobre os sintomas psicológicos, somáticos e urogenitais em mulheres na pós-menopausa. Envolveu 60 mulheres sintomáticas de 40 a 60 anos divididas em três grupos: um recebeu por 16 semanas o alimento, outro o hormônio e o terceiro, um placebo.
A pesquisa constatou que o alimento teve boa aceitação, nenhum efeito colateral e eficácia comparável à da reposição hormonal e superior à do placebo no alívio dos fogachos, das dores nas articulações e nos músculos e da secura vaginal. Como você vê, o alimento testado, também rico em cálcio, pode ser uma opção saudável para as mulheres na menopausa.
Embora seja alimento e não remédio, se deseja experimentá-lo, consulte seu médico. Aliás, você nunca deve interromper, abandonar nem trocar tratamentos sem consultar um especialista de sua confiança. Só o médico está apto a indicar tratamentos em todas as áreas da saúde e avaliar de maneira correta tanto os riscos quanto os resultados. Para conhecer os dois estudos citados, acesse o site www.estudosojamenopausa.com.br.
* Jocelem Mastrodi Salgado é professora titular do Departamento de Agroindústria e Nutrição da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), e presidente da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais, com sede em Piracicaba (SP).
Fonte: Revista Caras

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