06/06/15

AUTONOMIA DA CRIANÇA

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Pergunta: Que “segredos” nos pode desvendar, da área de psicologia, que nos possam ajudar a nós, pais, a crescer com os nossos filhos, promovendo a sua autonomia?
R: A autonomia é o processo pelo qual o indivíduo acede ao pleno desenvolvimento e posse das suas faculdades físicas, intelectuais, afectivas, psicológicas e morais, exercendo-as de maneira livre, equilibrada e responsável.
Podemos dizer que uma criança é autónoma quando, tendo adoptado um projecto (norma, lei, objectivo…), age por si própria e não por imposição.
A autonomia é, pois, o objectivo último de toda a verdadeira educação. No entanto, a manifestação total da autonomia na vida do adulto depende da aprendizagem gradual, possível e necessária, desta, em cada etapa do seu desenvolvimento, e exige atenção, respeito e vontade por parte dos pais e educadores. 
O sentir-se segura em relação ao meio e às pessoas que a rodeiam é indispensável para que a criança aceda à sua autonomia. Assim, são, pois, necessárias as seguintes condições: 
1) Estabilidade dos lugares e das pessoas em torno da criança.
2) Relação afectiva sempre presente, personalizada no diálogo pais-criança, em momentos privilegiados como a higiene e a
refeição.
3) Meio material (espaço de acção, objectos…) que deve favorecer à criança a experiência de si e do mundo que a rodeia.
4) Presença e modelo de outras crianças.
5) Um bom estado de saúde física, favorecido pelos cuidados de higiene e pela habituação ao ar e ao sol.
A CONFIANÇA no adulto permite à criança confiar em si mesma e, a partir daí, exercer as suas possibilidades. Essa confiança estabelece-se quando a criança se sente protegida, valorizada e incondicionalmente amada.
A confiança do adulto na criança, nas suas possibilidades e valor, faz com que a criança se sinta capaz e se disponha a correr os riscos que toda a autonomia implica.
Em contraponto, importa realçar, também, as atitudes parentais ou educativas que bloqueiam a autonomia; são elas:
A. Fazer tudo no lugar dos filhos: porque os pais fazem mais rápido e melhor; para proteger os filhos até mesmo para se ser indispensável aos filhos.
B. Permitir tudo aos filhos: ausência de limites e regras definidas promove o desenvolvimento de crianças inseguras e incapazes de desenvolver a sua autonomia.
C. Exigir para além das possibilidades e idade da criança: tratar a criança como se fosse um adulto e exigir à criança, a nível da compreensão, das responsabilidades e das performances para além das suas capacidades.
D. Projectar os seus desejos na criança: Procurar realizar, através da criança, os seus próprios desejos não realizados. 
E. Proibir tudo aos filhos: educação baseada no não e nas interdições e o exercício de autoritarismo em vez de autoridade adequada.
Não fique assustado(a) caro(a) Leitor(a). Educar é um dos maiores desafios dos pais e educadores. Promover a autonomia da criança, deve levar-nos a pensar que neste, tal como noutros desafios, tudo depende do equilíbrio com que facultemos as condições básicas essenciais para o bom desenvolvimento da criança, sem esquecermos que cada criança precisa de uma fórmula única... 
Pensar em educar bem, é pensar cada dia nesta tarefa exigente, mas maravilhosa, que exige toda a nossa inteligência, emoção e criatividade...
Até breve... e sejam persistentes....

Isabel Morais
Psicóloga – Área Social Clínica – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa
Mestre em Intervenção Comunitária e Protecção de Menores – ISCTE

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