Consumir todos os dias carne de vaca, porco ou borrego aumenta claramente o risco de mortalidade, revela um estudo publicado ontem na edição online dos Archives of Internal Medicine, uma publicação do Journal of the American Medical Association (JAMA). Se a proteína animal for transformada (presunto, salsichas e salame), o perigo para a saúde é ainda maior.
A substituição do consumo de carne por peixe ou carne de aves diminui o risco de mortalidade (Manuel Roberto) |
“Constatámos que um consumo regular de carne vermelha implica um elevado risco de mortalidade por doenças cardiovasculares e cancro”, escrevem os investigadores. O consumo diário de uma porção de carne não transformada aumenta o risco de mortalidade em 12%, comparativamente às pessoas que a consomem pouco ou mesmo nada. No caso de ingestão de carne transformada, a percentagem de aumento de risco sobe para 20%.
A substituição do consumo de carne por peixe ou carne de aves tem como consequência uma clara diminuição do risco de mortalidade associada, calculada entre 7 e 19%, consoante o alimento de substituição, precisa An Pan, investigador da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Harvard, Massachussets, EUA, e principal autor do estudo.
A conclusão dos autores do estudo é que a opção por peixe, carne de aves, nozes, legumes secos, lacticínios magros ou cereais integrais reduz “nitidamente o risco de mortalidade”.
Para esta investigação, foram analisados os dados de dois estudos que incidiram sobre 37.698 homens e 83.644 mulheres, acompanhados ao longo de mais de 20 anos.
A carne vermelha é uma importante fonte de proteínas animais na alimentação. Estudos anteriores já tinham mostrado que o seu consumo regular aumenta o risco de diabetes em adultos, doenças cardiovasculares e certos tipos de cancros.
Bebidas açucaradas são um risco
Outro hábito alimentar perigoso para a saúde é o consumo de bebidas açucaradas. Um estudo publicado ontem na revista americana Circulation revelou que a ingestão diária daquele tipo de bebidas aumenta em 20% o risco cardiovascular nos homens comparativamente aos que bebem menos ou não as bebem de todo. Em contrapartida, o estudo constatou que o consumo de bebidas açucaradas com edulcorantes artificiais não está associado a um risco acrescido do mesmo tipo de doenças.
Frank Hu, professor de nutrição e de epidemiologia na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Harvard e principal autor do estudo, considera que os resultados encontrados “justificam fortemente a redução do consumo de bebidas açucaradas por parte de pessoas doentes e, sobretudo, da população em geral”. Recorde-se que as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade nos Estados Unidos.
O aumento em 20% do risco cardiovascular entre os que bebiam todos os dias um terço de litro de bebidas açucaradas manteve-se mesmo depois de se ter em conta outros factores que contribuem para aumentar a probabilidade de desenvolver aquelas doenças – caso do tabagismo, sedentarismo, consumo de álcool e antecedentes cardíacos familiares.
O estudo foi levado a cabo num universo de 42.883 homens caucasianos com idades compreendidas entre 40 e 75 anos, todos a trabalhar no sector da saúde. Teve início em 1986 e terminou em Dezembro de 2008, baseando-se em questionários bienais e análises de sangue.
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